À Abd Al-Hasib Atta Zaloum Sobre o solo, jaz a carcaça do que um dia havia sido um ônibus. Hoje, tornou-se abrigo do velho sem moradia. As estrelas no céu velam por eles à noite. O frio passa pelas vidraças estilhaçadas, Vem sorrateiro seu rosto açoitar. Sob o sol escaldante, a sombra vem de uma árvore solitária. O ônibus à noite e a árvore de dia São todo o seu reino, como nem o rei da Jordânia tem. Assim que ficou pronta, sua antiga casa foi demolida; sua terra, por colonos, roubada. Converteram seu território em "área de segurança". Segurança pra quem, se o velho agora vive ao relento? Não é o velho, de humanos, rebento? Não necessita de segurança também? É menos humano que as crianças da escola atrás daquela muralha, já que delas só recebe desdém? Como a vida, que poderia ter tido, foi interrompida, Perdeu sua costumeira esperança e neste solo devastado só quer plantar seus olhos cansados Para não verem mais a guerra assolar o seu lar.

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