_Perdão, padre, porque pequei!
Tive um sentimento vergonhoso,
não consigo contar.
_O que foi, minha filha?
Deus é misericordioso.
_Tive innnvejjaa.
_O quê? Inveja?
_Sim, inveja.
_De quem?
_Da cantineira de minha escola.
_Mas por quê?
_Porque ela sabe virar
panquecas no ar…
_Só isso?
_Não, também tive inveja
Das moças que dormem…
_Como?
_Sim padre, das moças que dormem.
_Só isso?
_Não, tive também dos pássaros que voam,
Dos peixes que podem ir
a lugares onde não posso estar.
Tenho inveja de tanta coisa…
Das roupas de meu amado,
Do ar que ele respira.
Nem a luz escapa.
E dos mortos todos
que talvez já saibam
de coisas que eu não sei
e talvez estejam reunidos em algum altar
aonde eu não sei quando vou chegar,
Ou talvez já não sintam mais
O mundo todo fora do lugar…
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