“Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado a tua frente, ou ao teu lado,
te contemple e, em silêncio te ouça a argêntea voz
e o riso abafado do amor.Oh, isso-isso-só é bastante
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o
tremer dentro do peito!
Pois basta que, por um instante, eu te veja
para que, como por magia, minha voz emudeça;
sim, basta isso, para que minha lingua se paralise,
e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos a um fragor de ondas
soa-me aos ouvidos;
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor
(…)
Safo
