de Ricardo Costa
Penso que nasci morto
Vivi meio que morto
No ponto morto
Me fiz de morto
Vivo-morto já é um morto
Vivo pode ser morto
Morto não pode ser morto
Mas morto é morto
Se morno não está morto
Se frio talvez quase morto
Gelado, com certeza morto
Amarelo encerado é um morto
Deitado caixão com flor é morto
Cem por cento morto
Até baralho tem morto
Que fica de lado como morto
Se joga bem pega o morto
Só então vive o morto
Desconectar da vida está morto
Na solidão você é um morto
Sozinho está morto
Morto bom é um bom morto
Seu futuro terá um morto
Você será um morto
Ninguém tem inveja de morto
Chora quando vê um morto
Morto por morto
Melhor um bem morto.
