Parte I
D. Maria Leiteira era uma famosa benzedeira da região de Bragança Paulista, imigrante de Salerno na Itália. Era uma devota católica e costumava rezar o terço quando as parturientes estavam para dar a luz. Segundo dizem, quando ela terminava o terço, a criança escorregava para o mundo cá fora, gritando com força e vontade.
Porém, em uma das vezes isso não aconteceu, a criança não saiu como o previsto de dentro da mãe, pois estava o bebê estava sentado. A parturiente era muito amiga e comadre de minha tataravó. Era uma ex-escrava, mas continuara trabalhando na colheita de frutas junto com a italianada, ao contrário dos parentes dela que foram para a capital.
Antes de falecer devido a complicações, pediu à comadre que cuidasse de seu rebento, Isaías. Assim o fez D. Maria; criou-o junto dos filhos naturais e, como todos na roça familiar, o guri tinha que trabalhar na colheita, principalmente, e no trato dos animais. Quando ficou mais velho, porém, Isaías sentiu-se diferente e tornou-se rebelde. Não queria mais obedecer ao pai, se engraçava com as irmãs já mocinhas. Acharam melhor, então, que ele arranjasse trabalho remunerado no sítio de um amigo e por lá ficasse até criar juízo.
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