Fridmann, o economista que defendeu o capitalismo neoliberal, e suas ideias são considerados os responsáveis pelas crises econômicas dos últimos 40 anos. Inclusive pelo crash de 2008, pela qual nenhum responsável foi preso. Apesar de defender a não intervenção do estado na economia, as empresas de seguro aceitaram dinheiro do governo para cobrir seu rombo e ainda ganharam bonificação. O lucro é privado, mas o investimento é público, porque o povo americano com seus impostos salvou essas empresas particulares.
As teorias econômicas de Fridmann, que eram consideradas loucuras após a crise de 1929, ganharam força na década de 1950, contudo recentemente foram descartadas por dois vencedores do prêmio Nobel, devido aos desastres econômicos que têm causado, mas os políticos ainda não estudaram o resultado catastrófico dessas teorias e continuam aplicando como se ainda estivéssemos na década de 1910. O laissez-faire fracassou várias vezes, o controle total do Estado também. No entanto, nenhum político fala em adotar um meio termo ou uma terceira via para solução das crises econômicas. Grécia, Portugal, Espanha, EUA são alguns dos países que quebraram recentemente, após a globalização que não trouxe o progresso prometido para a classe trabalhadora pelo menos.
Com esse documentário, chega-se à conclusão de que paz e capitalismo neoliberal são incompatíveis. O capitalismo precisa da guerra, precisa da crise, o que é trágico. Segue um resumo do livro “A Doutrina do Choque” (2009): documentário dirigido por M. Whitercross e M. Winterbottom, roteiro de Naomi Klein.Naomi Klein põe um fim ao mito de que o mercado livre global triunfou democraticamente. Expondo o modo de pensar, o rasto do dinheiro e os fios de marioneta por detrás das crises e guerras mundiais das últimas quatro décadas. “A Doutrina do Choque” é a história absorvente de como as políticas de “mercado livre” da América têm vindo a dominar o mundo – através da exploração de povos e países em choque devido a inúmeros desastres. Na conjuntura mais caótica da guerra civil do Iraque, é apresentada uma nova lei que permitiria à Shell e à BP reclamar para si as vastas reservas petrolíferas do país…
Imediatamente a seguir ao 11 de Setembro, a administração Bush concessiona, sem alarido, a gestão da “Guerra contra o Terror” à Halliburton e à Blackwater… Depois de um tsunami varrer as costas do sudeste asiático, as praias intocadas são leiloadas ao desbarato a resorts turísticos… Os residentes de Nova Orleães, espalhados pelo furacão Katrina, descobrem que as suas habitações sociais, os seus hospitais e as suas escolas jamais serão reabertas.
Estes acontecimentos são exemplos da “doutrina de choque”: o aproveitamento da desorientação pública no seguimento de enormes choques colectivos – guerras, ataques terroristas ou desastres naturais – para ganhar controlo impondo uma terapia de choque económica. Por vezes, quando os dois primeiros choques não são bem sucedidos em eliminar a resistência, é empregue um terceiro choque: o eléctrodo na cela da prisão ou a arma Taser nas ruas. Baseado em investigações históricas inovadoras e em quatro anos de relatos no terreno em zonas de desastre, “A Doutrina do Choque” mostra de forma vívida que o capitalismo de desastre – a rápida reorganização corporativa de sociedades que tentam recuperar do choque – não começou com o 11 de Setembro de 2001. O livro traça um percurso das suas origens que nos leva há cinquenta anos atrás, à Universidade de Chicago sob o domínio de Milton Friedman, que produziu muitos dos principais pensadores neoconservadores e neoliberais cuja influência, nos nossos dias, ainda é profunda em Washington. São estabelecidas novas e surpreendentes ligações entre a política económica, a guerra de “choque e pavor” e as experiências secretas financiadas pela CIA em electrochoques e privação sensorial na década de 1950, pesquisa essa que ajudou a escrever os manuais de tortura usados hoje na Baía de Guantanamo.
Jorge Fernandes
Com esse documentário, chega-se a conclusão de que paz e capitalismo neoliberal são incompatíveis. O capitalismo precisa da guerra, o que é trágico.