Epônimos Divinos

Num insondável labirinto auricular, perdi minha língua
E em minha hélice deitaram-se doces palavras
A turbilhonar, mesmo quando as proferia sem pretensão.

Fui mortalmente ferida pelas oscilações de seu arco do cupido.
Escalar meu monte para em seguida se atolar
Em minhas covinhas de Vênus foi mais nefasto
Que me ferir o calcanhar de Aquiles.

De seu singelo céu da boca brotam,
Como de grutas escoiceadas, as águas da vida,
Aonde todas as ninfas vêm se banhar,
Nas horas quentes do dia.

Não me transformou em pedra por estarem
Abertas minhas meninas-dos-olhos
E, finalmente, atravessou triunfante o arco de minhas sobrancelhas.
Caesar van Everdingen - Four Muses and Pegasus on Parnassus - 1650
Caesar van Everdingen – Four Muses and Pegasus on Parnassus – 1650

 

Hilas e as Ninfas, de John William Waterhouse (1896)
Hilas e as Ninfas, de John William Waterhouse (1896)

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