Num insondável labirinto auricular, perdi minha língua E em minha hélice deitaram-se doces palavras A turbilhonar, mesmo quando as proferia sem pretensão. Fui mortalmente ferida pelas oscilações de seu arco do cupido. Escalar meu monte para em seguida se atolar Em minhas covinhas de Vênus foi mais nefasto Que me ferir o calcanhar de Aquiles. De seu singelo céu da boca brotam, Como de grutas escoiceadas, as águas da vida, Aonde todas as ninfas vêm se banhar, Nas horas quentes do dia. Não me transformou em pedra por estarem Abertas minhas meninas-dos-olhos E, finalmente, atravessou triunfante o arco de minhas sobrancelhas.


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