Apenas palavras

As palavras são nada.
Em si, carecem de sentidos, se não as escoltar os gestos.
Assim o silêncio é louvável a alguns algures.
Imprudência fiar-se no verbo, já que quem mente mergulha a todos em fantasia?
Sonha que a todos ludibria? Para si, ciladas cria?
Mas não ilude plenamente: há uma gota de verdade em cada mentira.
Há um dizer exato em cada calada!
Mas a palavra não poderá ser sempre friamente refreada,
Pois que liberta quem a profere de sentimentos inconfessáveis.
As palavras libertam os tímidos de si mesmos, desconfiados de revelar seu ser ao universo.
Libertam um povo da opressão.
Libertam seres de sua invisibilidade.
Libertam ao revelar a descoberta e afirmação de si, a si mesmo e à humanidade.

No Norte, quantos tons de branco conhecem os esquimós?
Para cada branco, uma palavra.
Para nós, só há um branco e mais nada…
Para cada coisa que há e sabemos que há, há uma palavra.
A tudo que nasce, damos um nome.
Mas para quem nunca viu tantos brancos, se ouvir seus nomes diferentes, nem precisa se mudar para lá.
A enxergá-los, em algum momento, passará.
Assim os nomes nascem das coisas, mas o saber também nasce das palavras.
O que pensamos que é sabido de todos, mas nunca foi divulgado verbalmente, pode também deixar de haver e ser olvidado na próxima temporada.
Se o amor verdadeiro está implícito em amostras de sentimentos, também provas perdem seu sentido no automatismo dos gestos habituais.
Então, a elegância contemporânea, que, com demonstrações de afeto, se acanha, acaba por enregelar a todos de todo.

Você não pode mais me ouvir,
Então falo para mim mesma,
Para saber que sinto o que sinto,
Para lembrar e me aquecer
E me libertar do não-dizer:

“Não enxergamos os brancos dos esquimós nem temos nomes para eles…
Nunca pensei que talvez você não enxergasse em quantas cores era amado.
Hoje não cansaria de dizer de todas as formas possíveis,
Com quantas palavras existem: Persy, eu amo você!”

28-07-2012

Thaís319

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