É Noite novamente

Futurismo, Giacomo Balla, Poste e Iluminação, 1909

Na mesma janela,

Agora à luz da lua embaçada,

Ouço os mesmos seres noturnos,

Meus companheiros.

A memória da moça esmagada

Contra o poste aqui enfrente

Vem perturbar minha calma.

As ondas dos gritos aflitos

Ecoam no infinito.

Como se aquele momento

Continuasse existindo.

Disseram-me que o tempo

Não existe para a alma.

Mas, se os tempos são plurais

E se são mesmo um labirinto,

Em algum de seus corredores

Ela realmente passeia pela estrada,

Nesta e noutras noites banais.

Por isso ainda agora eu a sinto?

2 comentários sobre “É Noite novamente

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