Plena Mulher

Pablo Neruda

Plena mulher, maçã carnal,

lua quente, espesso aroma de algas,

lodo e luz pisados, que obscura claridade

se abre entre tuas colunas?

que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,

com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:

amar é um combate de relâmpagos e dois corpos

por um só mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,

tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,

e o fogo genital transformado em delí­cia

corre pelos tênues caminhos do sangue

até precipitar-se como um cravo noturno,

até ser e não ser senão na sombra de um raio.

AUGUST RODIN O beijo (detalhe)
AUGUST RODIN O beijo (detalhe) (Photo credit: Wikipedia)
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