Os rastignacs¹ do século XXI
O Governo Federal gastou R$ 13,9 bilhões com publicidade nas emissoras de televisão nos últimos 12 anos. Só a Rede Globo recebeu R$ 6 bilhões. No governo de Fernando Henrique Cardoso, a Globo recebia 49% do total destinado a publicidade, mas atualmente recebe apenas 36%: R$ 452 milhões no último ano. Isso tudo só na televisão, sem contar os sites, as afiliadas, jornais e revistas impressas e virtuais.
Outras empresas também recebem, mas muito menos: a Veja, por exemplo, recebeu R$ 700 milhões.
Aí então né, vem uns “diogos mainardis da vida” dizer que não dependem de dinheiro público, atacando os outros de “mamar nas tetas do governo” (chavão vulgar e agressivo no estilo provinciano que eles estão tão acostumados a usar).
Esses diogos, pois há vários, têm o cinismo de dizer que são contra a intervenção do Governo na economia, a favor do livre mercado, do Estado mínimo, mas aceitam trabalhar num jornal que engorda sua receita com dinheiro público, que deveria ser usado em hospitais, escolas, segurança.
Agora entendo o porquê de vocês bajularem FHC: ele pagava muito mais (proporcionalmente falando) do que o atual governo para completar a receita da emissora onde os mainardis, rastignacs do século XXI, trabalham.
Quando o Sr. Diogo Mainardi ofendeu os nordestinos, chamando-os de bovinos, ignorantes, atrasados e que o voto deles era comprado com dinheiro público, o chamado voto de cabresto, eu tentei justificá-lo dizendo que ele havia se expressado mal num rompante momentâneo de ódio contra o resultado das urnas: a Dilma havia ganhado. Justifiquei sua atitude imaginando que talvez ele quisesse se referir apenas aos políticos nordestinos que abusavam assim do povo mais humilde.
Na verdade, esse Nordeste, que Diogo não visita há muito tempo porque teve de fugir da justiça brasileira para a Itália, mudou. Muitas empresas se mudaram para lá; a indústria automobilística, por exemplo. Muitas Universidades Federais foram construídas (no Brasil todo 18), vinícolas, resorts etc. O Programa Bolsa Família tirou milhões de crianças das ruas e levou-as às escolas, porque essa é a condição para recebê-lo. Então o cabresto está sendo retirado aos poucos conforme o nível socio-econômico aumenta. Muitas dessas crianças aprenderão a ler e um dia encontrarão na internet referências a nordestinos para algum trabalho escolar e encontrarão seu discurso raivoso e terão certeza de uma coisa: o partido que Diogo Mainardi apoiar não será o nosso, não nos representa.
Esses diogos, assim como Eugène de Rastignac, nunca pertencerão à nata europeia, nunca; serão sempre, para alguns europeus sofisticados e elitistas, um cidadão de segunda classe, um bronco, um imigrante, um refugiado, um provinciano. Assim, eu recomendo que ele aprenda a falar direito com as pessoas, com bons modos e bom humor. Recomendo que ele faça as pazes com os brasileiros!
Agora tenho a convicção de que precisamos tirar o cabresto da imprensa nacional.
Abaixo propagandas do Governo na imprensa privada!
Pelo fim da “Estatização” da imprensa!
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1- Eugène de Rastignac é um personagem do livro O pai Goriot do escritor francês Honoré de Balzac. Rastignac, em seu sentido comum, significa também arrivista, ambicioso que quer subir na vida a qualquer preço e pertencer a elite, que inveja. O personagem, vindo do interior, chega a Paris do século XIX disposto a vencer. Para isso segue os conselhos de Vautrin, um criminoso perigoso, que conhece na pensão onde moram. Este o aconselha a se aliar a mulheres nobres ricas a fim de obter favores de seus maridos e trama um plano para Rastignac se casar com uma rica herdeira, assassinando o irmão dela.
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