Danilo Sérgio Borges
No sol a pino é que finjo a madrugada
como disse o poeta e o cancioneiro
na ilusão do limite pressinto a estrada
e sou todo liberdade, sou prisioneiro.
Essa condição de ser contrário é destarte
e tem um não sei quê de verdade; inteiro
vou me reconhecendo em qualquer parte,
em que não possa mirar-me pelo espelho.
E de tanto ser o oposto desta outra face
que ora se-me-veste tanto e tão me serve
assumo este outro rosto que me restou.
E quem sabe num instante, o desenlace
deste mistério secreto em mim reserve,
à carne viva do inconsciente, O QUE SOU!
São Paulo, 2013.