Pouco importa se isto
vem do suor dos escravos
Ou das lágrimas fingidas dos nobres!
Que me importa se a origem disto
é o lodo fosco do pântano
Ou o brilho reluzente
do ouro e do diamante?
Que importância há se isto
brota do êxtase de um santo
Ou da humilhação
de um rejeitado amante?
Do néctar das flores
ou do pus dos ferimentos
de um mendigo?
Se isto foi extraído do sangue
de uma presa abatida,
Do frescor ou da podridão?
Se do belo corpo ou da carcaça?
Quem dá mais importância à pedreira de onde
O escultor retirou a pedra, do que à vida
que ele arrancou de dentro dela
Nasceu cego, mas não sabe!
