* In memoriam das crianças assassinadas em Sabra e Chatila
Quando atos ignóbeis são perpetrados inda
É mais abominável que o mundo não pare,
É mais infame que tudo não se acabe,
que as vozes não se calem
E que não voltemos todos
Cabisbaixos ao barro do qual fomos forjados.
Todos os sons do universo,
Desde a explosão primordial,
Deveriam silenciar-se de vergonha,
Deveriam recolher-se dizendo
Que nada, nunca, ninguém,
Deveria ter surgido de coisa alguma
e que, se surgiu, deveria
Esvanecer-se prontamente
Sepultada sobre sua própria infâmia,
Soterrada em gritos abjetos.
O nada seria melhor que um só humano
Testemunhar a evitável
interrupção da vida de curumim.
O vazio silencioso seria um alento,
Se era para macular,
Abominavelmente, a vida, assim.
Quando algo tão vergonhoso sucede,
Como o mundo pode seguir seu curso?
Depois dessa febre assassina,
Que nos leva à carnificina,
Deveria o mundo estacar!
O fim não pareceria tão ruim.
Sem nem lembrar que os homens
Vieram um dia a vida execrar,
A bonança reinaria sem par!
18-09-2012
*Marcelo Nova, Camisa de Vênus
Iniciado em 16 de setembro de 1982, o massacre de Sabra e Chatila foi o morticínio de refugiados civis palestinos e libaneses indefesos perpetrado pela milícia maronita liderada por Elie Hobeika após o assassinato do presidente eleito do país e líder falangista de extrema direita, Bachir Gemayel. O evento ocorreu nos campos palestinos de Sabra (صبرا, Sabrā) e Shatila (وشاتيلا, Shātīlā), situados na periferia de Beirute, a sul da cidade, área que se encontrava então sob proteção das forças armadas de Israel. Na época, a revista Veja tinha como seu correspondente no Líbano o repórter Alessandro Porro, judeu nascido na Itália e naturalizado brasileiro, que desmontou a alegação de que o exército de Israel não percebera a ocorrência do massacre. Porro chegou mesmo a contar os 183 passos que separavam os campos de refugiados e o quartel israelense, no que foi considerado um furo jornalístico. “Segundo o testemunho de um major do Exército libanês, confirmado pelo guardião da antiga Embaixada do Kuwait, uma unidade israelense com três tanques Merkava e pelo menos cinco blindados estava aquartelada a menos de 200 metros daquelas primeiras casas do setor sul de Chatila.
Atenção recomendo prudência pois contém imagens fortes:
http://bigdogdotcom.wordpress.com/2012/09/17/remembering-sabra-and-shatila/