Deixarei minhas palavras soltas
fugirem leves entre flocos de algodão,
cruzando o triste
limite dos sonhos,
enfeitarei o horizonte com balões coloridos
não esquecendo as cores mais sórdidas
por serem as mais tristes,
beberei uma água cristalina
roubada da nascente vazia das palavras
transportarei troncos
antigas raízes de arvores
por entre as correntezas se despojando do infinito,
procurarei saber se o gosto visual
da flor é capaz de me enlouquecer
diante do tempo,
olharei para o dentro dos mapas
e meu roteiro
será sempre o desespero
uma eterna viagem feita de desconhecido
e recoberto de palavras ansiosas,
aprenderei com os poetas
ler o que fica escondida no crepúsculo
depois deixarei
o sol fugir da minha pele
de minha noite
para iluminar o mundo
com palavras viajantes !
carlos bueno guedes