Os homens explicam tudo para mim, de Rebecca Solnit — Degrau de Letras

Sinopse:

Em seu ensaio icônico “Os Homens Explicam Tudo para Mim”, Rebecca Solnit foca seu olhar inquisitivo no tema dos direitos da mulher começando por nos contar um episódio cômico: um homem passou uma festa inteira falando de um livro que “ela deveria ler”, sem lhe dar chance de dizer que, na verdade, ela era a autora. A partir dessa situação, Rebecca vai debater o termo mansplaining, o fenômeno machista de homens assumirem que, independente do assunto, eles possuem mais conhecimento sobre o tema do que as mulheres, insistindo na explicação, quando muitas vezes a mulher tem mais domínio do que o próprio homem. Por meio dos seus melhores textos feministas, ensaios irônicos, indignados, poéticos e irrequietos, as diferentes manifestações de violência contra a mulher, que vão desde silenciamento à agressão física, violência e morte. Os Homens Explicam Tudo para Mim é uma exploração corajosa e incisiva de problemas que uma cultura patriarcal não reconhece, necessariamente, como problemas. Com graça e energia, e numa prosa belíssima e provocativa, Rebecca Solnit demonstra que é tanto uma figura fundamental do movimento feminista atual como uma pensadora radical e generosa.

Confesso que a sinopse desse livro me ganhou logo de cara e o comprei achando que conteria uma coletânea de histórias cômicas (de tão trágicas tornaram-se cômicas), mas me enganei. De certo modo esse desvio nas minhas expectativas foi bom, pois Rebecca trouxe ensaios sobre a condição feminina ao longo dos anos e em diferentes setores da sociedade.

Apontarei aqui algumas ideias que Rebecca expõe ao leitor e que, pelo menos para mim, foram colírios para enxergar o mundo de maneira mais lúcida.

Casamento igualitário

Um dos termos trabalhados pela autora foi o de casamento igualitário, alcunha utilizada para denominar casamento entre pessoas do mesmo sexo. Eu nunca havia parado para pensar que essa denominação pressupõe que casamento heterossexual não é um casamento igualitário, semanticamente falando, mas bem que poderia ser, pois um casal que, independente do sexo, se respeita e trata um ao outro como um igual poderia ser denomina sim casamento igualitário. Não seria o sexo, mas as atitudes entre o casal que determinaria se um casamento é ou não igualitário ?!?

Desaparecimento gradativo

Fazer as mulheres sumirem ao longo da história é fichinha, a exemplo os nomes das famílias das mulheres que sumiram para dar espaço ao sobrenome do esposo. Essa história de ser chamada pelo nome do marido me lembrou algo estranho na língua brasileira: no ato do casamento hétero, as partes tornam-se ‘marido’ e ‘mulher’, não seria a mulher ‘mulher’ antes do matrimônio?

“É fácil chamar de crimes os desaparecimentos da guerra suja na Argentina; mas como devemos chamar os milênios de desaparecimento das mulheres – da esfera pública, da genealogia, do status legal, da voz, da vida?” P. 96

Clamamos por voz!

O chamado feminino mais claro é a necessidade de voz, isso fica explícito em notícias diárias que lemos nos jornais, como no caso da adolescente de 16 anos assediada na UFC e como uma enxurrada de outras garotas sentiram-se a vontade para relatar assédios sofridos ao longo da graduação depois de UMA ter sido ouvida. O motivo de não ter feito os relatos antes? “Falar? Ninguém vai ouvir”.

As mulheres precisam de voz nessa luta diária para alcançar a igualdade, cansamos de ser chamadas de loucas, de colocarem a culpa nas nossas roupas, de pensar mil vezes antes de ser simpática por medo de parecer outra coisa.

“‘Ela é louca’ é o eufemismo padrão para “Eu estou desconfortável com o que ela está dizendo”. P. 138

Rebecca faz um paralelo dessa falta de crédito com Cassandra, da Mitologia Grega:

“E mais uma coisa sobre Cassandra: a descrença com que suas profecias eram recebidas era resultado de uma maldição lançada sobre ela pelo deus Apolo, quando ela se recusou a fazer sexo com ele. A ideia de que a perda de credibilidade está ligada a reivindicar os direitos sobre o seu próprio corpo estava ali presente o tempo todo. Mas com as Cassandras da vida real que há entre nós, podemos desfazer a maldição, tomando nossas próprias decisões sobre em que acreditar, e por quê.” P. 151


A autora apresenta diversos outros pensamentos ao longo do livro que aguça o pensamento crítico do leitor sobre a questão feminina. Aqui ela faz links com alguns de seus outros livros e traz casos reais para ilustrar sua linha de raciocínio.

Algo que senti falta nessa obra foram referências, pois diversos casos citados por Rebecca eu já havia lido em outros livros, mas os que eu não conhecia, gostaria de saber mais sobre os relatos e de ser encaminhada por meio de referências, como nos livros da Angela Davis .

É isso, Os homens explicam tudo para mim é uma leitura rápida, rica, alterna entre leve e pesada por causa do seu conteúdo e a escrita da Rebecca faz o livro fluir de maneira ímpar.

via Os homens explicam tudo para mim, de Rebecca Solnit — Degrau de Letras

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A limpeza étnica da Palestina

Poética de Botequim

DANIEL AVELAR
DE SÃO PAULO
27/04/2017 07h00

Israel não conseguirá manter o sistema ideológico que o sustenta para sempre. Quem faz o prognóstico é o historiador israelense Ilan Pappé.

Estamos em uma encruzilhada: as pessoas em Israel sabem do que o país fez no passado e faz no presente, mas a maioria ainda aceita isso e parece não se importar”, afirma o historiador, para quem pressões externas e “novas gerações” provocarão mudanças em Israel.

Pappé, 62, é um dos principais nomes dos chamados “novos historiadores israelenses”, grupo que analisa criticamente os eventos que levaram à fundação do Estado de Israel, em 1948, a partir do estudo de arquivos militares mantidos em sigilo até a década de 1980.

Ele escreveu o livro “A Limpeza Étnica na Palestina”, no qual argumenta que houve um processo planejado de expulsão e massacre de milhares de palestinos que viviam no território que…

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DIFICULDADES NO ENSINO DE LITERATURA — escritor958

Agência FAPESP – Por meio da análise de trabalhos acadêmicos realizados entre 1975 e 2004 e de estudos quantitativos e qualitativos com professores de português que lecionam no Ensino Médio da rede pública da cidade de São Paulo, a pesquisadora Gabriella Rodella de Oliveira, mestre em Linguagem e Educação pela Faculdade de Educação da Universidade […]

via DIFICULDADES NO ENSINO DE LITERATURA — escritor958

Revista Sincronistas – 2ª Edição

Coletivo Sincronistas

A segunda edição da Revista Sincronistas já está disponível para os assinantes da newsletter.

Nesse mês das mulheres, a revista traz, em palavras, traços e cores, reflexões sobre feminilidade, feminismo, abuso, violência, desejo, sentidos e dimensões do que é ser mulher.

Que nesse momento de transformações sociais, possamos dialogar cada vez mais sobre feminismo, gênero e sexo, igualdade, respeito e parceria, buscando um mundo sem a opressão do machismo.

Para receber as nossas revistas bimestrais, basta assinar a nossa newsletter, clicando aqui. Lembre-se de confirmar o e-mail assim que fizer o seu cadastro, para que a revista chegue direitinho na sua caixa de mensagens.

Confira a capa dessa edição, ilustrada pela nossa sincronista Gisela Zaffalon (Gisme).

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A próxima edição está prevista para a segunda semana de maio/2018.

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Revista Sincronistas – 3ª Edição

Saiu a 3ª edição da Revista Sincronistas, cujo tema é o Trabalho, em homenagem ao dia 1º de Maio. O coletivo Sincronistas é composto por escritoras do Vale do Paraíba, com a  colaboração da ilustradora Alcy de Godoy da cidade de São Paulo.

capa revista 3

Coletivo Sincronistas

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Trabalho. Palavra tão pequena, mas com tão grandes implicações. Em nossa sociedade, é algo que nos define, que nos acompanha até a velhice, tão emaranhado em nossas vidas que fica difícil imaginar uma existência sem a obrigatoriedade de produzir algo.

Enquanto assistimos ao sucateamento dos direitos trabalhistas, à exploração desenfreada (dos seres humanos e da natureza) em nome do dinheiro, a pergunta que fica é: o que podemos fazer para mudar esse cenário? Embora não tenhamos as respostas, fazemos o que está ao nosso alcance, lutando com palavras, com a nossa arte e com resistência.

Na 3ª edição de nossa revista, abordamos o tema do trabalho sob diversos aspectos, trazendo reflexões sobre o papel da mulher trabalhadora, mães e o mercado de trabalho, desigualdade de gênero no trabalho, entre outros.

Esperamos que essa…

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Mancebo

Poética de Botequim

12181781

Jacó trabalhou como pastor para Labão

Durante sete anos para merecer a mão

de sua filha Raquel, serrana bela.

Mas se não a visse novamente,

antes de a Terra girar quatro

vezes mais ao redor do Sol,

Jacó, dela, se lembraria?

Tudo o que os olhos não viram,

naquela época remota da juventude,

o peito, agora maduro, ainda desejaria?

Nosso menino, ao crescer, nem das saias

De sua impúbere menina se esqueceu.

Ao contrário do pai de Raquel _que não

premiou Jacó, matando-o por dentro

ao entregar-lhe a outra filha mais velha, Lia,

_ o remendo das pontas soltas da vida

É o presente que receberá por sua espera.

Febre de mancebo dura a vida toda!

06-09-2012

Contraponto a:

Trecho do texto de Gian Luca para ler o texto completo acesso o link – Clamor do Sexo

Poema de Wordsworth declamado por Deani no fim do filme:

“What though the…

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Destaque

Poesia II

Recordando meu estado confuso de seis anos atrás.

Poética de Botequim

Jaraguá, exata 1980, de Evandro Carlos Martins

O espírito da poesia me acordou?

Ou escrevo para poder dormir?

Ou será que estou com fome?

Leite morno, biscoito Nestlè Classic Duo!

Calmantes conseguem explicar

E entender o que sentimos?

Só dá para identificar com

Certeza aquilo que dói

porque o pretérito imperfeito

é o meu tempo.

22 de novembro de 2012.

 

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