Emoções em alta voltagem
Há um fio desencapado provocando faíscas no escuro.
O atrito das partículas que desencadeiam tais fagulhas zumbem e zunem como abelhas iluminadas.
Um chiado intermitente rouba o sono de toda a casa.
Toda vez que esse fio roça em algo metálico, o chiado retorna e desperta os viventes. É um grito inanimado, um curto-circuito. Todos acordam, buscando, desesperados, a origem dos ruídos. É preciso impedir que a eletricidade se alastre, impedir o incêndio, a desgraça.
Cuidando para não serem eletrocutados, os moradores apalpam às cegas o breu, tropeçam em objetos, memórias, em si mesmos, a urgência apressando seus passos para defender a residência em perigo. E embora haja o risco de serem mortos pela descarga elétrica, seguem, sonâmbulos, a trilha da eletricidade.
Até que um deles, após muito tatear, encontra o quadro de força e o desliga. Um outro chiado, de fósforo riscado, rompe o silêncio e…
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