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O filme “À Meia-Luz” já denunciava o abuso psicológico nos anos 1940

  • No filme, a personagem Paula Alquist, feita por Ingrid Bergman, é manipulada por seu marido a acreditar que está enlouquecendo
  • Por Ana Claudia Paixão Atualizado em 30 jul 2021, 15h40 – Publicado em 30 jul 2021, 14h00

Ingrid Bergman ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Atriz, em 1944, com o filme À Meia-Luz, interpretando a personagem Paula Alquist. Nele, ela é manipulada por seu marido a acreditar que está enlouquecendo, o que quase acontece.

É sufocante ver o processo de distorção e maldade ao qual a personagem é submetida, sem poder reagir. O filme é espetacular, mas precisa de um pouco de paciência para encontrar nas plataformas, inclusive dá para assistir em Blu-Ray e DVD.

Ingrid divide as telas com Charles Boyer e Joseph Patten, dirigida por um preciso George Cukor. No original, À Meia-Luz se chama Gaslight, que, graças ao filme, é até hoje, mais de 80 anos depois, a tradução de um tipo de manipulação psicológica no qual uma pessoa consegue convencer a vítima a questionar a própria sanidade, memória ou percepções das coisas.

Você sabe o que é gaslighting?

O manipulador induz à dúvida e – paradoxalmente – à certeza da loucura, acabando com autoestima e saúde mental da vítima indefesa.

Antes de ser referência pop, Gaslight tem uma explicação técnica. Em tempos de pré-eletricidade, para se ter luz só era possível à gás, que é o que Gaslight em inglês diz. Toda a metáfora de luz, de falha na iluminação e memória faz parte da narrativa, afinal o vilão age à noite, à meia-luz.

À Meia-Luz nasceu no teatro, em Londres, em 1938, e logo foi parar na Broadway com enorme sucesso. O primeiro filme, de 1940, se encontra com facilidade no YouTube.

Nesta versão, o destaque é o espetacular austríaco Anton Walbrook, que também brilhou em Sapatinhos Vermelhos, com roteiro fiel ao texto teatral e extremamente inteligente.

O sucesso dessa produção inspirou a MGM a comprar os direitos para realizar a versão americana, praticamente suspendendo a circulação do original britânico por muitos anos.

A versão de 1944 faz algumas adaptações da história, mas mantém a premissa original. Alguns consideram a melhor e devo concordar com sua superioridade, especialmente de Ingrid Bergman, brilhantemente frágil em um papel muito difícil.

À Meia-Luz chegou a ser indicado a oito categorias no Oscar, rendendo o primeiro de Melhor Atriz para Ingrid Bergman. Muitos consideram este um dos melhores filmes de George Cukor, um diretor detalhista que destacou com maior riqueza psicológica o processo sufocante e aterrorizador de manipulação. Tanto que, desde então, se alguém quer desacreditar outra pessoa, se diz que está “gaslighting”.

Vale muito a pena ver ambos os filmes para traçar as comparações, mesmo que fosse uma época em que as mulheres não tivessem voz. Com os dois filmes, entendemos o verdadeiro significado de “don’t gaslight me”, que quer dizer “não me faça parecer louca”. Em tempos de saúde mental, os clássicos ainda nos ensinam muita coisa.

https://www.google.com/amp/s/claudia.abril.com.br/coluna/ana-claudia-paixao-hollywood-cinema-series/filme-a-meia-luz/amp/

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A Guerra da Arte

A VIDA NÃO VIVIDA

A maioria de nós possui duas vidas. A vida que vivemos e a vida não-vivida que existe dentro de nós. Entre as duas, encontra-se a Resistência.

Você já levou para casa uma esteira ergométrica e deixou-a acumulando poeira no sótão? Já abandonou uma dieta, um curso de yoga, unia prática de meditação? Já se esquivou de um chamado para envolver-se numa prática espiritual, para dedicar-se a uma vocação humanitária, para consagrar sua vida ao serviço de outros? Já quis ser mãe, médico, advogado dos fracos e desamparados? Concorrer a um cargo público, tomar parte numa cruzada para salvar o planeta, fazer campanha pela paz mundial ou pela preservação do meio ambiente? Tarde da noite, já experimentou uma visão da pessoa que você poderia se tornar, da obra que conseguiria realizar, do ser realizado que você deveria ser? Você é um escritor que não escreve, um pintor que não pinta, um empresário que nunca se aventurou num empreendimento de risco? Então você sabe o que é Resistência.

Uma noite, quando eu estava deitado,

Ouvi papai conversando com mamãe.

Ouvi papai dizer para deixar o garoto tocar o boogie-woome

Porque isso está dentro dele e ele tem que colocar para fora *

*John Lee Hooker, letra da canção Booaie Chillen

 

A Resistência é a força mais tóxica do planeta. É fonte de mais infelicidade do que pobreza, doença e disfunção erétil. Ceder à Resistência deforma nosso espírito. Atrofia-nos e nos torna menores do que nascemos para ser. Se você acredita em Deus (e eu acredito), deve considerar a Resistência um mal, pois nos impede de alcançar a vida que Deus planejou para nós ao dotar cada ser humano de seu próprio e único gênio criativo. A palavra gênio vem do latim genius. Os romanos usavam-na para designar um espírito interior, sagrado e inviolável, que nos protege, guiando-nos para nossa vocação. Um escritor escreve com seu gênio; um artista pinta com o seu; todo aquele que cria o faz a partir deste centro sagrado. E a morada de nossa alma, o receptáculo que abriga nosso ser potencial, é o nosso farol, nossa estrela polar.

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Todo sol lança uma sombra e a sombra do gênio é a Resistência. Por mais forte que seja o chamado de nossa alma para a realização, igualmente potentes são as forças da Resistência reunidas contra ele. A Resistência é mais rápida do que o projétil de uma arma, mais poderosa do que uma locomotiva, mais difícil de renegar do que cocaína. Não estaremos sozinhos se formos dizimados pela Resistência; milhões de mulheres e homens bons foram derrubados antes de nós. E o pior é que nem ficamos sabendo o que nos atingiu. Eu nunca soube. Dos 24 aos 32 anos, a Resistência me jogou treze vezes da Costa Leste para a Oeste e novamente para a Leste e eu nem sequer sabia de sua existência. Procurava o inimigo em toda parte e não conseguia vê-lo bem diante de mim.

Você provavelmente já ouviu a história: mulher fica sabendo que tem câncer, seis meses de vida. Em poucos dias, pede demissão do trabalho, retoma seu sonho de compor canções Tex-Mex que abandonou para cuidar da família (ou começa a estudar grego clássico ou muda-se para a cidade e dedica-se a cuidar de bebês com AIDS). Os amigos da mulher acham que ela enlouqueceu; ela mesma nunca se sentiu mais feliz. Há um pós-escrito: o câncer da mulher começa a regredir.

É necessário tudo isso? É preciso encarar a morte para nos levantarmos e confrontarmos a Resistência? É preciso que a Resistência aleije e desfigure nossas vidas para despertarmos para a sua existência? Quantos de nós se tornaram bêbados e viciados, desenvolveram tumores e neuroses, sucumbiram a analgésicos, mexericos e uso compulsivo do telefone celular, simplesmente por não fazer aquilo que nossos corações, nosso gênio interior, nos impele a fazer? A Resistência nos derrota. Se amanhã de manhã, por algum passe de mágica, toda alma atordoada e ignorante acordasse com o poder de dar o primeiro passo para ir atrás de seus sonhos, todo psiquiatra na lista telefônica fecharia as portas do consultório. As prisões se esvaziariam. As indústrias de bebidas alcoólicas e de cigarro iriam à falência, assim como os negócios de comida pronta de má qualidade, de cirurgia cosmética e de programas de entretenimento “instrutivos” na TV, sem mencionar indústrias farmacêuticas, hospitais e a profissão médica de alto a baixo. Os maus-tratos domésticos se extinguiriam, assim como o vício, a obesidade, enxaquecas, fúria no trânsito e caspa. Olhe no fundo do seu coração. A menos que eu seja louco, neste mesmo instante uma vozinha fraca está sussurrando, dizendo-lhe, como já fez milhares de vezes, qual é a vocação que é sua e apenas sua. Você sabe. Ninguém tem que lhe dizer. E a menos que eu seja louco, você não está mais perto de tomar uma atitude em relação a ela do que estava ontem ou estará amanhã. Acha que a Resistência não é real? A Resistência o matará.

Sabe, Hitler queria ser artista. Aos 18 anos, pegou sua herança, setecentos Krones, e mudou-se para Viena para viver e estudar. Inscreveu-se na Academia de Belas-Artes e posteriormente na Faculdade de Arquitetura. Já viu algum quadro dele? Eu também não. A Resistência o derrotou. Pode achar que é exagero, mas vou dizer mesmo assim: foi mais fácil para Hitler deflagrar a 2ª Guerra Mundial do que encarar uma tela em branco.


Pressfield, Steven
Guerra da arte; tradução de Geni Hirata. – Rio de Janeiro : Ediouro, 2005, da pág. 18 a 21.
ISBN 85-00-01534-9
1. Pressfield, Steven. 2. Criação (Literária, artística etc.).
3. Pensamento criativo. 4. Resistência (Psicanálise).
5. Procrastinação. 6. Inibição.

 

Contardo Calligaris: ‘Não quero ser feliz. Quero é ter uma vida interessante’

Psicanalista defende que deveríamos nos preocupar em tornar interessante nossa vida de todo dia. Isso implica ter curiosidade, aventurar-se, arriscar mais, lamentar menos e não se proteger das inevitáveis tristezas.
Contardo Calligaris: 'Não quero ser feliz. Quero é ter uma vida interessante'

Dagmar Serpa
Mais do que buscar permanentemente felicidade máxima, um arrebatamento mágico, deveríamos nos preocupar em tornar interessante nossa vida de todo dia.

É o que defende o doutor em psicologia clínica e psicanalista Contardo Calligaris. Uma rápida olhada em sua biografia mostra que ele não só prega como pratica. Italiano de Milão, depois de mais de duas décadas em conexão direta com o Brasil, já morou também na Inglaterra, Suíça, França e nos Estados Unidos e fez muitas viagens.

Aos 65 anos, atingiu a marca de oito casamentos – desde 2011, está com a atriz Mônica Torres – e teve um filho francês. Além de atender no seu consultório, nos Jardins, em São Paulo, já escreveu mais de dez livros, incluindo dois romances.

Criou até uma série para TV, Psi, no canal a cabo HBO. Diz que, semanalmente, abre mão de “parecer inteligente aos olhos dos pares” e publica toda quinta-feira uma coluna no jornal Folha de S.Paulo. Mais de 100 delas estão no livro Todos os Reis Estão Nus (Três Estrelas). Filmes, fatos, casos de amigos, tudo vira pretexto para traduzir um pouco das teorias da psicanálise, filosofar e provocar reflexão. “Não sou de dourar a pílula”, avisa. Não estranhe, portanto, se sentir um impulso diferente ao terminar de ler esta entrevista.

O que é felicidade hoje?

Não gosto muito da palavra felicidade, para dizer a verdade. Acho que é, inclusive, uma ilusão mercadológica. O que a gente pode estudar são as condições do bem-estar. A sensação de competência no exercício do trabalho, já se sabe, é a maior fonte de bem-estar, mais que a remuneração. Nós temos um ideal de felicidade um pouco ridículo.

Um exemplo é a fala do churrasco. Você pega um táxi domingo ao meio-dia para ir ao escritório e o taxista diz: “Ah, estamos aqui trabalhando, mas legal seria estar num churrasco tomando cerveja”. Talvez você ou o taxista sofram de úlcera, e não haveria prazer em tomar cerveja. Nem em comer picanha.

Mesmo que não vissem problema, pode ser que detestassem as pessoas lá e não se divertissem. Em geral, somos péssimos em matéria de prazer. Por exemplo, estamos sempre lamentando que nossos filhos seriam uma geração hedonista, dedicada a prazeres imediatos, quando, de fato, vivemos numa civilização muito pouco hedonista. Por isso, nos queixamos de excessos e nos permitimos prazeres medíocres ou muito discretos.

Mas continuamos acreditando que ser feliz é ter esses prazeres que não nos permitimos. E agora?

Ligamos felicidade à satisfação de desejos, o que é totalmente antinômico com o próprio funcionamento da nossa cultura, fundada na insatisfação. Nenhum objeto pode nos satisfazer plenamente.

O fato de que você pode desejar muito um homem, uma mulher, um carro, um relógio, uma joia ou uma viagem não tem relevância. No dia em que você tiver aquele homem, aquela mulher, aquele carro, aquele relógio, aquela joia ou aquela viagem, se dará conta de que está na hora de desejar outra coisa. Esse mecanismo sustenta ao mesmo tempo um sistema econômico, o capitalismo moderno, e o nosso desejo, que não se esgota nunca. Então, costumo dizer que não quero ser feliz.. Quero é ter uma vida interessante.

Mas isso inclui os pequenos prazeres?

Inclui pequenos prazeres, mas também grandes dores. Ter uma vida interessante significa viver plenamente. Isso pressupõe poder se desesperar quando se fica sem alguma coisa que é muito importante para você. É preciso sentir plenamente as dores: das perdas, do luto, do fracasso. Eu acho um tremendo desastre esse ideal de felicidade que tenta nos poupar de tudo o que é ruim.

O que adianta garantir uma vida longa se não for para vivê-la de verdade? É isso que temos de nos perguntar?

Quem descreveu isso bem foi (o escritor italiano) Dino Buzatti, no romance O Deserto dos Tártaros. Conta a história de um militar que passa a vida inteira em um posto avançado diante do deserto na expectativa de defender o país contra a invasão dos tártaros, que nunca chegam. Mas tem um lado simpático na ideologia do preparo. É que está subentendida a ideia de que um dia a pessoa viverá uma grande aventura. Mas o que acontece, em geral, é que a preparação é a única coisa a que a gente se autoriza.

Então, pelo menos há um desejo de viver uma aventura?

Mas os sonhos estão pequenos. A noção de felicidade hoje é um emprego seguro, um futuro tranquilo, saúde e, como diz a música dos aniversários, muitos anos de vida. Acho estranho quando vejo alguém de 18 anos que, ao fazer a escolha profissional, leva em conta o mercado de trabalho, as oportunidades, o dinheiro… Isso nem passaria pela cabeça de um jovem dos anos 1960.

A julgar pela quantidade de fotos colocadas nas redes sociais de pessoas sorridentes, elas têm aproveitado a vida e se sentem felizes. Ou, como você aborda em uma crônica, hoje mais importante do que ser é parecer feliz?

O perfil é a sua apresentação para o mundo, o que implica um certo trabalho de falsificação da sua imagem e até autoimagem. Nas redes sociais, a felicidade dá status. Mas esse fenômeno é anterior ao Facebook. Se você olhar as fotografias de família do final do século 19, início do 20, todo mundo colocava a melhor roupa e posava seriíssimo. Ninguém estava lá para mostrar que era feliz. Ao contrário, era um momento solene. É a partir da câmera fotográfica portátil que aparecem as fotos das férias felizes, com todo mundo sempre sorridente.

E a gente olha para elas e pensa: “Eu era feliz e não sabia”.

Não gosto dessa frase porque contém uma cota de lamentação. E acho que a gente nunca deveria lamentar nada, em particular as próprias decisões. Acredito que, no fundo, a gente quase sempre toma a única decisão que poderia tomar naquelas circunstâncias. Então, não vale a pena lamentar o passado. Mas é verdade que existe isso.

As escolhas ao longo da vida geram insegurança e medo. Em relação a isso, você diz que há dois tipos de pessoa: os “maximizadores”, que querem ter certeza antes de que aquela é a opção certa, e a turma do “suficientemente bom”. O segundo grupo sofre menos?

Tem uma coisa interessante no “maximizador”: é como se ele acreditasse que existe o objeto mais adequado de todos, aquele que é perfeito. Mas é claro que não existe.

A busca da perfeição não gera frustração, pois sempre haverá algo que a gente perdeu?

Freud dizia que o único objeto verdadeiramente insubstituível para a gente é o perdido. E não é que foi perdido porque caiu do bolso. Ele fala daquilo que nunca tivemos. Então, faz sentido que nossa relação com o desejo seja esta: imaginamos existir algo que nunca tivemos, mas que teria nos satisfeito totalmente. Só não sabemos o que é.

Como nos livrar desse sentimento?

Temos de tornar cada uma de nossas escolhas interessante. Isso só é possível quando temos simpatia pela vida e pelos outros – o que parece básico, mas não é no mundo de hoje. Não por acaso, o grande espantalho do nosso século é a depressão. A falta de interesse pelo mundo e pelos outros é o que pode nos acontecer de pior.

Complica ainda mais o fato de, como você já abordou, enfrentarmos um dilema eterno: desejamos a estabilidade e também a aventura. Então, entramos em uma relação ou um emprego, mas sofremos porque nos sentimos presos e achamos que estamos deixando de viver grandes aventuras. Isso tem solução?

Não sei se tem solução. A gente vive mesmo eternamente nesse conflito. Agora, como cada um o administra é outra história. Pode-se optar por uma espécie de inércia constante, que será sempre acompanhada da sensação de que você está realmente desperdiçando seu tempo e sua vida, porque toda a aventura está acontecendo lá fora e, a cada instante, você está perdendo os cavalos encilhados que passam e não passarão nunca mais. Viver dessa maneira não é uma das opções. Mas você pode também, em vez disso, permitir se perder.

Permitir se perder no sentido de transformar a vida em uma eterna aventura?

Mas também nesse caso você terá coisas a lamentar. Eu, pessoalmente, fui mais por esse caminho. Mas o preço foi muito alto. Por exemplo, eu não estive presente na morte de nenhum dos meus entes próximos, porque morava em outro país e sempre chegava atrasado, no avião do dia seguinte. Hoje, por sorte, meu filho – que é grande, tem 30 anos – vive perto de mim. Por acaso, ele decidiu vir para o Brasil. Mas não o vi crescer realmente.

Para ser feliz, enfim, o segredo é não buscar a felicidade?

Isso eu acho uma excelente ideia. A felicidade, em si, é realmente uma preocupação desnecessária. Se meu filho dissesse “quero ser feliz”, eu me preocuparia seriamente.

Preferia que dissesse o quê?

Só gostaria que ele me dissesse: “Estou a fim de…” A partir disso, qualquer coisa é válida. O que angustia é ver falta de desejo nas pessoas, em particular nos jovens. Agora, se ele está a fim de algo, mesmo que isso pareça muito distante do campo do possível dentro da vida que leva, eu acho ótimo. Já houve, afinal, crianças gagas que se tornaram grandes oradores – ou rei da Inglaterra, Jorge VI.

 

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