Tintim por tintim
Os bares, cafés e clubes, do século XIX, não eram apenas um ambiente para a happy hour como são hoje.
Mesmo antes desse período, estabelecimentos comerciais na Europa consolidaram o uso da bebida do café, e diversas casas de café ficaram mundialmente conhecidas, como o Café Nicola, em Lisboa, onde se encontravam políticos e escritores, como o poeta Bocage, o Virgínia Coffee House, em Londres, e o Café de La Régence em Paris, onde se reuniam nomes famosos como Rousseau, Voltaire, e Diderot
Eles foram o cenário onde questões políticas, organização de movimentos literários e revolucionários se disseminavam dos intelectuais para o cidadão que não tinha acesso à Academia.
Em vários países temos esse fenômeno de artistas plásticos, pensadores influentes em seu tempo que criavam tertúlias, nas quais não apenas a poesia era pensada e discutida, mas todos os dramas sociais e políticos de seu tempo perpassavam lugares como O café Colonial em Madri, ou o Moulan de la Galette em Paris, ou o Café Voltaire na Suíça, herdeiro que continuou essa tradição mais recentemente no século XX.
Em momentos de maior descontração questões importantes, como especulações que, no futuro, criariam a União Europeia, eram discutidas, defendidas por uns e criticadas por outros.
Tudo isso nesses ambientes frequentados por pensadores que mais tarde seriam chamados de intelectuais.
O “Caso Dreyfus”, por exemplo, foi largamente discutido pela sociedade, mesmo iletrada, em bares e cafés. Umberto Eco chega a afirmar que o que se entende por intelectual surgiu a partir das discussões envolvendo esse oficial francês de origem judaica. Acusado injustamente de alta traição, em 1884, seu processo escancarou através da imprensa os extremos do anti-semitismo que já prenunciavam o que aconteceria na Segunda Guerra Mundial.
A proposta destas páginas é a criação de um espaço, semelhante aos cafés, que forneça informações, dissonantes das vozes que ecoam na imprensa brasileira, a fim de tornar mais produtivo, mais crítico, mais politizado um momento de lazer.
Os botequins, clubes e cafés têm sido palco dos mais variados debates sobre Literatura, Filosofia, Artes, História, Política, enfim, assuntos discutidos aleatoria e criativamente ao bel-prazer de “ébrios” pensadores a quem, como os loucos, é permitido inovar e revolucionar o senso comum às vezes impunemente: esses locais são, pois, o seu álibi – تاييس دي جودوي مورايس
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