À noite, a escuridão guarda todas as coisas e o nada ao mesmo tempo.
Como quando fechamos os olhos e vemos o vazio,
ou manchas ou tudo o que podemos imaginar.
Gosto de imaginar o que há além das montanhas
E mais além e mais além e mais além
Do que posso avistar da janela do meu quarto
Ou da janela de um ônibus em movimento.
Só uma nuvem se ilumina.
Afundada no meio do mato uma casinha brilha.
Bem que poderia haver uma cidade inteira escondida atrás do morro
Para que esse casebre não fique assim tão solitário
No escuro sem porteiras, sem cercas, sem limites.
Todos pensam nisso quando são crianças
Mas depois deixam de imaginar o que poderia haver lá,
Depois daquela montanha,
Que deve ser muito mais formidável do que o que há aqui.
Assim, sem ninguém notar,
O negrume da noite esconde o infinito no horizonte.
Jacareí, 16 de dezembro de 2013.