Para não esquecermos de como chegamos até aqui:
O texto analisa uma cartilha do Banco Itaú criada para defender a PEC, que cortou investimentos nas áreas da saúde, educação e segurança, a fim de sobrar mais dinheiro dos nossos impostos para os Bancos lucram com os juros da dívida pública.
“Por fim, a parte da “consequência de decisões de governos passados” é o trecho mais filosófico de todos. Marx disse que a “tradição das gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. Essa expressão, que era apenas uma formulação crítica denunciando a falta de liberdade (não importando a vontade) do sujeito, agora se realiza de modo mais objetivo possível, demonstrando ao mesmo tempo o fundamento social de toda heteronomia moderna (as leis cegas da economia de mercado) e o limite dessa máquina incontrolável – a destruição do futuro. (…)
A PEC do Fim do Mundo é a liquidação total, de antemão, das garantias sociais da futura geração. Até mesmo o serviço público mais rasteiro e de qualidade funesta de hoje parecerá um Total Welfare diante do que está por vir (assim como já parece ao míope petismo que suas políticas compensatórias eram a fina flor do Estado do Bem-Estar Social Brasileiro).
A PEC do Fim do Mundo é o sacrifício antecipado da reprodução social frente ao fim em si do dinheiro. É o círculo da forma mercadoria e forma monetária que encerra o seu processo histórico: o dinheiro não apenas não aceita nenhum outro Deus que não ele mesmo, como se mostra indiferente ao mundo que o rodeia.”
Por Maurilio Lima Botelho.
Há uma espécie de cartilha “explicando“ a PEC 241 através de perguntas e respostas. Criada pela InfoMoney, que nada mais é do que uma agência de notícias daquele que se apresenta como maior grupo “independente” de corretagem mobiliária do Brasil, a cartilha é um defesa da PEC do Fim do Mundo realizada por consultores do Banco Itaú, responsáveis pelas respostas. Isso confere um tom impessoal ao texto devido a expressões como “o Itaú responde“, o “Itaú reforça“ ou “o Itaú ressalta”.1
Como se sabe, o Banco Itaú é o maior banco privado do Brasil graças a sua fusão, em 2008, com o Unibanco. Apesar das várias críticas ao processo que levaria a uma cartelização financeira, a fusão foi autorizada pelas instituições reguladoras e abençoada por Henrique Meirelles, presidente do Banco Central da Era Lula e hoje Ministro da Fazenda. Ilan Goldfajn, economista-chefe do banco…
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