Quando a “indesejada das gentes” Passa a não ser tão indesejada assim? Há um momento em que o cansaço Vence o entusiasmo e a morte Passa a ser almejada: por crianças, jovens e Até por um povo inteiro! Gente como a menina que deveria estudar, Segura, trancada no quarto, ao invés de se enforcar. Ou gente que vive agora Na miséria mais degradante, Que se esquece, num rompante, De seus filhos para alimentar! Gente como os índios Kaiowás De quem vão se lembrar Apenas pelo nome de algum lugar: De uma rua de um bairro de periferia. Num mundo de arrepiar: Vivem sem lei, sem rei e sem fé que os protejam e acolham tudo o que eles são. Se permitirem, a "civilização" os extinguirá, porém, horripilantemente, em museus de raros espécimes, os conservará. Mas há também gente tão inocente que, contra todas as expectativas, Contra todas as probabilidades Resiste à insuportabilidade da vida. Gente que canta, vive e sorri E, nesse decrépito mundo, Ainda encontra a Alegria!