tubarões do vazio

tubarões do vazio,

roubem o fruto do nosso trabalho,
depois, com um cínico sorriso,
nos devorem lentamente
do alto de seu tanque de marfim!

engulam o ódio de nossas palavras azedas!
esburaquem, em busca de uns cobres, todo planeta!
vocês são os Midas da Degradação!

senhores de castelos erguidos por outrem,
engulam os cobres cunhados pelos seus servos
engulam nosso deboche por sua depravação!

que gosto tem o metal quente
deslisando por suas goelas sedentas?
o seu capital o aquece no inverno?

abocanhem com todos seus dentes
os nossos viténs
e a sua solidão 
e o nosso desdém

mordam nossas carnes,
tubarões do vazio!
somos excelente banquete
para canibais tão exigentes!
durmam tranquilos,
enquanto construímos
na terra o seu Paraíso.
quando nos lançarem suas sobras,
nossas cabeças abençoadas pelo desprezo
voarão sobre o esgoto
de suas almas purulentas
que serão lancetadas enfim.

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