Ainda tenho esperança de que podemos aprender, desaprender e reaprender, isto é, desconstruir o que em nossa cultura nos faz mal, e lembrar de coisas esquecidas que nos fazem bem não só individualmente, mas à nossa comunidade. Por isso, resolvi compartilhar com vocês um trecho deste excelente livro.
“A tecnologia não é uma coisa ruim. Se você souber o que deseja na vida, ela pode ajudá-lo a conseguir. Mas se você não sabe, será muito fácil para a tecnologia moldar por você seus objetivos e assumir o controle de sua vida. E, à medida que a tecnologia adquire uma melhor compreensão dos humanos, você poderia se ver servindo a ela cada vez mais, em vez de ela servir a você. Você já viu esses zumbis que vagueiam pelas ruas com o rosto grudado em seus smartphones? Você acha que eles estão controlando a tecnologia ou é a tecnologia que os está controlando?
Então, você pode confiar em si mesmo?
[…]
À medida que a biotecnologia e o aprendizado de máquina se aprimoram, ficará mais fácil manipular as mais profundas emoções e desejos, e será mais perigoso que nunca seguir seu coração. Quando a Coca-Cola, a Amazon, a Baidu ou o governo sabem como manipular seu coração e controlar seu cérebro, você ainda pode dizer qual é a diferença entre seu próprio eu e os especialistas em marketing que trabalham para eles?
Para ser bem-sucedido numa tarefa tão intimidadora, você terá de trabalhar muito duro para conhecer melhor seu sistema operacional. Para saber quem você é, e o que deseja da vida. Este é o mais antigo conselho registrado: conheça a si mesmo. […]
Neste exato momento os algoritmos estão observando você […] logo vão monitorar todos os seus passos […] estão se baseando em Big Data […]. Os algoritmos cuidarão de tudo […]. Se, no entanto, você quiser manter algum controle sobre sua existência pessoal e o futuro de sua vida, terá de correr mais rápido que os algoritmos […]. Para correr tão rápido, não leve muita bagagem consigo. Deixe para trás suas ilusões. Elas são pesadas demais.
(Harari, Yuval Noah. 21 Lições para o Século 21. p. 328-330)

