A meu primo Marcelo Balberde Boccuzzi
Como é difícil colher amoras!
— É muito perigoso!
Há pontas de cacos
de vidro nos muros
os quais só alguns podem pular.
Só eles podem subir
na árvore e alcançar
seus frutos maduros.
O sangue do crime
nas mãos rubras de amoras!
Ah! Quem dera ser maior e mais forte!
Os galhos do outro lado
do muro cortante alcançar!
Mas, ainda assim, precisaria enfrentar
as aranhas nas folhas escondidas,
os escorpiões, as cobras,
peçonhas esperando
mãozinhas inocentes e limpas.
Quem pode com elas?
Só eles… eles podem!
as mais maduras, pesadas,
dos altos galhos que pendem do lado
de cá da muralha intransponível.
Mas seu gosto amassado, passado
O tempo estragou!
No ladrilho vermelho,
seu sumo jaz esparramado.
As tenras e frescas,
só eles podem comer.
Dia escuro, nuvens cinza-carregadas,
Cascatas de suco rolam as escadas.
_ Com ácido, limpa-se tudo!
Asas, asas, dêem-me asas para alcançá-las.
Ah! quebrar os cacos, derrubar
o muro a machadadas,
e elas, todas aqui, assim!
15 de setembro de 1998